domingo, 1 de maio de 2011

Características do pensamento do século XIX

O elemento mais importante e que condicionou o pensamento e a filosofia do século XIX foi o desenvolvimento das ciências. Para demonstrar a sua eficácia, a ciência e a técnica tornam-se aliadas e provocaram grandes transformações na sociedade. A exaltação desse novo saber levou à ideologia do Cientificismo, segundo o qual a ciência é considerada o único conhecimento verdadeiro e o método das ciências naturais o único válido, devendo ser estendido a todos os campos do pensamento e da atividade humana. O cientificismo procurou também romper com as explicações abstratas e metafísicas dos fenômenos e tinha a convicção de que a ciência e a técnica poderiam resolver os problemas da humanidade (ARANHA; MARTINS, 2007). A principal corrente cientificista foi o positivismo de Auguste Comte (ver abaixo). Essa postura vai ser criticada no século XX com o desenvolvimento das Ciências Humanas.
O progresso da ciência não se faz de maneira linear. O avanço se faz pela descoberta de novos problemas e de novas maneiras de solucionar os antigos. A astronomia, por exemplo, permaneceu basicamente newtoniana. O século XIX foi o ponto de partida radical em alguns campos do pensamento, como na matemática; do despertar de ciências até então pouco desenvolvidas, como a química; da criação de novas ciências, como a geologia e de desenvolvimento de ideias revolucionárias nos campos da sociologia e a biologia (HOBSBAWM, 1979). As transformações provocadas pelo desenvolvimento das ciências começaram a destruir a compreensão do universo como uma máquina (Descartes), uma sólida construção teórica baseada na estrutura de causa e efeito ligando os fenômenos (HOBSBAWM, 1988). Esse modelo mecânico de universo começou a ruir no final do século XIX. Com o desenvolvimento de uma nova imagem do universo cada vez mais é necessário descartar a intuição e o bom senso como fundamentos da ciência. De certa forma, a natureza tornou-se menos natural e mais incompreensível. O processo de separação entre a ciência e a intuição pode ser ilustrado por meio da matemática. Na geometria apareceram novas formas de fenômenos com o desenvolvimento da geometria não-euclideana (Lobachewski e Riemann) que deu um golpe na intuição e a sua pretensão de fundamentar axiomas e postulados. Uma solução começou a ser adotada, que era libertar a matemática de qualquer ligação com o mundo real e transformá-la na elaboração de postulados, que deveriam ser definidos de modo preciso e obrigados a não ser contraditórios entre si (HOBSBAWM, 1988). Essa separação entre ciência e intuição vai se agravar com a Física relativista de Einstein no século XX.


Referências
ARRUDA, José Jobson de A. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Ática, 1974
HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções (1789-1948), 2a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Avelar Cezar Imamura

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