domingo, 1 de maio de 2011

O nascimento das ciências humanas .




No século XIX, o homem (objeto de conhecimento quase exclusivo da filosofia) tornou-se objeto da ciência. Surgiram então as ciências humanas: a sociologia, a psicologia e a antropologia. As razões do desenvolvimento de explicações científicas para a atividade humana estavam em parte nos problemas sociais que a sociedade europeia enfrentava, trazidos pela industrialização, pela urbanização e pela expansão imperialista no mundo.Tais razões estavam também na grande aceitação do pensamento científico no mundo ocidental. Se a ciência tinha grande credibilidade, por que não utilizá-la para o conhecimento do homem? O resultado foi um desenvolvimento extraordinário dessas ciências, de seus métodos e de suas teorias (COSTA, 1998).
Enquanto as ciências da natureza têm como objeto algo que é externo ao indivíduo que conhece, as ciências humanas têm como objeto o próprio sujeito cognoscente. Assim, podemos supor as grandes dificuldades encontradas pela sociologia, psicologia e antropologia para estudar com imparcialidade aquilo que diz respeito ao próprio sujeito (ARANHA; MARTINS, 2007).
Foram muitas as dificuldades enfrentadas pelas ciências humanas para estabelecer o seu método: 1) A complexidade inerente aos fenômenos humanos (psíquicos, sociais ou econômicos), que resistem às tentativas de simplificação; 2) Outra dificuldade da metodologia das ciências humanas encontra-se na experimentação. Não que isso seja impossível, mas é difícil identificar e controlar os diversos aspectos que influenciam os atos humanos; 3) Outra questão refere-se à matematização. Após o nascimento da física de Galileu, supunha-se que a ciência seria mais rigorosa quanto mais fosse matematizável. Esse ideal é problemático com relação às ciências humanas, cujos fenômenos são essencialmente qualitativos; 4) Temos, ainda, a dificuldade decorrente da subjetividade. As ciências da natureza aspiram à objetividade, que consiste na separação radical entre o sujeito e o objeto no processo de conhecimento; na capacidade de lançar hipóteses testáveis por todos e no não-envolvimento emocional e intelectual do cientista com o seu objeto. Mas, se o sujeito que conhece é da mesma natureza do objeto conhecido, parece ser muito difícil evitar a subjetividade; 5) Finalmente, se as leis das ciências da natureza supõem o determinismo (as mesmas causas produzem os mesmos efeitos), como fica a questão da liberdade humana? Por haver regularidades na natureza é possível estabelecer leis e por meio delas prever a incidência de um acontecimento. Como isso seria possível nas ciências humanas se admitirmos a existência da liberdade humana? (ARANHA MARTINS, 2007).

Referências ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à Filosofia, 3a ed. revista. São Paulo: Moderna, 2007
Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Avelar Cezar

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