domingo, 22 de julho de 2012

A ditadura na Argentina




Na Argentina o golpe militar ocorreu uma década depois do Brasil (24 de março de 1976), mas assim como no Brasil, a imposição da ditadura militar tem como fundamento a derrota do populismo. Como afirma Priori:
O golpe militar ocorrido em 24 de março de 1976, na Argentina, na realidade, é a culminância de um processo mais longo, de controle e repressão contra a esquerda peronista e a esquerda tradicional. Desde 1955, com a queda do governo do general Juan Domingos Perón, vinha ocorrendo um amplo e crescente processo de institucionalização do poder militar como ator político. As Forças Armadas transformaram-se em sujeitos de poder com alta margem de autonomia institucional, consolidando-se como ator tutelar do cenário político, principalmente porque a liderança civil democrática estava debilitada e concedia amplos espaços de atuação aos militares no cenário político (PRIORI: 2006, s/p).

Os militares argentinos já haviam assumido o governo em 1966, com o golpe militar liderado pelo general Juan Carlos Ongania, e tinham como proposta romper o desenvolvimentismo ancorado no Estado, propondo um desenvolvimento industrial associado ao capital internacional.
Os militares governaram a Argentina até 1973, quando Perón reassume o governo, com sua morte em 1974, Isabel Perón, sua esposa, passa a governar o país.
O governo de Isabel Perón foi marcado por lutas entre a direita e a esquerda, como demonstra Priori:
O governo de Isabelita foi marcado por uma grande disputa entre várias forças sociais de partidos da esquerda e da direita. Em 1970 os partidos adotaram ações radicais financiando suas ações com seqüestros, chantagens e assaltos. O Exército Revolucionário (ERP) era o principal grupo de esquerda e promoveu ações políticas nas universidades e fábricas. Enquanto isso, a Aliança Anticomunista Argentina (Triple A) era o grupo de direita mais importante. Entre maio de 1973 e março de 1976 foram contabilizados 1207 mortos e 847 feridos pertencentes ao “campo do povo” e 336 mortos e 604 feridos pertencentes ao campo do “regime” (Ibidem, s/p.)

O golpe de 24 de março de 1976 pôs fim ao governo populista de Isabel Perón e instituiu uma das ditaduras mais cruéis e sangrentas da América Latina. Como demonstra Priori:
A intensidade da repressão revela que o terrorismo de Estado foi infinita e proporcionalmente maior do que a ação da oposição. A chamada guerra sucia, com sua maquina repressiva estatal, impôs um verdadeiro genocídio. Entre 1976 e 1979, foram dadas como desaparecidas cerca de 9 mil pessoas identificadas pela Comisión Nacional sobre la Desaparición de Personas. Outras fontes apontam até 30 mil desaparecidos. Outras 1.898 pessoas foram assassinadas, sendo seus cadáveres encontrados e identificados posteriormente. Nesse período ainda, foram criados mais de 350 campos de concentração. Em suma, a repressão procesista assassinou, em menos de uma década, mais de 30 mil pessoas, após intermináveis sessões de tortura (Ibidem, s/p.)
Assim como no Brasil a ditadura Argentina buscou eliminar os opositores ao projeto de integração subordinada ao capitalismo internacional, projeto implementado pelos militares na maioria dos países da América Latina e, que tem como base, a associação entre capital nacional e internacional, porém com clara dominação do segundo. Esse projeto visou romper com as bases desenvolvimentistas anteriores, as quais ancoravam-se no Estado e tinham um componente nacionalista. Podemos afirmar que o projeto de submissão ao capital internacional foi vencedor na maioria dos países da América latina.

Referências
PRIORI, A. Golpe Militar na Argentina: apontamentos históricos. Maringá: UEM, Revista Espaço Acadêmico, nº 59, abril, 2006.

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