A Antropologia possui
um objeto extremamente complexo e denso, e que pode ser estudado desde os mais
distintos pontos de vista: o Homem e suas obras; sendo assim, como ciência,
pode-se dizer que seus limites sejam pouco definidos.
Ocorre que dizer que
a Antropologia é a "ciência do homem" não basta. Se assim fosse,
confundiríamos facilmente a Antropologia com a Medicina, a Psicologia, a
Biologia, a Sociologia, a Economia, e tantas outras áreas de conhecimento que
focam o Homem a partir de um determinado âmbito de sua existência, individual
ou coletiva. Portanto, dizer que se trata da ciência cujo objeto é o Homem não
ajuda a definir este campo de estudos.
Se recorrermos ao
histórico de conformação dessa área, verificaremos que com a especialização
progressiva das ciências humanas, datada do séc. XIX, a Antropologia se
apropriava de questões que acabavam não sendo consideradas por essas
disciplinas.
Dentre esses aspectos
relegados pelas demais áreas de conhecimento, destacam-se aqueles que levariam
à cisão entre uma Antropologia Física e uma Antropologia Cultural (ambas
definidas na unidade anterior); respectivamente:
· o estudo das raças
humanas e suas características biológicas;
· o estudo do homem do
ponto de vista social e cultural.
Sobre esta segunda
dimensão da Antropologia, na qual se insere a dimensão social do existir
humano, ou seja, sua organização em grupos e as dinâmicas de convívio social
que desenvolvem, poder-se-ia dizer que, aqui, este objeto de interesse se confunde gravemente com o
da Sociologia, ciência cujo objeto são as interações interindivíduos
conformando grupos sociais e como esses grupos interagem entre si. Ocorre que a
Sociologia se ocupa do estudo de sociedades que possamos dizer modernas, isso
porque nelas se verificam um alto grau de alfabetização, são densas
demograficamente (podendo nelas se verificar o fenômeno do anonimato) e
geograficamente extensas. Já a Antropologia estuda sociedades mais simples,
ágrafas e conformadas por poucos membros, estabelecendo laços sociais muito
mais estreitos. Contudo, essa regra se aplica exatamente àquilo que podemos
caracterizar como Antropologia Clássica, ou seja, sua configuração conforme seu
período formativo; isso porque, hoje, subáreas como a Antropologia Urbana, a
Antropologia do Cotidiano e a Etnografia Urbana se ocupam exatamente de tipos
de sociedade complexas, agravando a distinção (por conta de sua abordagem e
métodos) com relação aos enfoques dados pela Sociologia
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